29 de out. de 2006

quero

quero que me entendam.
não todos.
mas todos os pensamentos.
que sejam todos e não demorem.
explicar me irrita.

é hora


A cidade me prendeu.
Cheguei a pouco e já quero ir embora.
A borboleta consegue passar entre as grades.
Respira fundo que você passa também.

Pegue um meio e saia logo daí.
Foi um horóscopo que eu li.
Mas quero que alguém me siga.
Mê dê a mão
E tire as minhas fotos.

21 de out. de 2006

primeiro segundo

Olha, o cliente não gostou. Vamos pedir outra pessoa para refazer, ok?
Ok!
Ok nada! Porra! (Minha) cobrança acordou no susto agora.
O problema é que existem as pessoas que são incríveis e as que são boas.
As primeiras conseguem chegar mais longe em menos tempo. As segundas, chegam em segundo.
E chegar em segundo é não ocupar o primeiro lugar num pódio que nem segundo e terceiro degraus tem. É não corresponder ao máximo. É ser bom em várias coisas sem ser excelente em uma só. Mas qual? Talvez nenhuma. Bom não é excelente, é bom. Os segundos não são natos, são esforço puro.
Estou sempre correndo para ser um segundo a ser o primeiro. Mas se os segundos não são natos, para quê o esforço da corrida?
Sou um segundo com cobranças de primeiro mas que acha que é segundo.
Devia caminhar e deixar os primeiros e segundos correrem na pista. Ela escorrega! De longe, observam os minutos.

ganhei de presente

Em Certo Olhar

Um amigo com quem contar
com quem me ouvir e me ver,
me ver pelo espelho de seus olhos,
uma verdade sem minha óptica
fantasiada e viciada de eterno imperfeito
de completa infelicidade,
que em toda eternidade se desfaz com um amigo.

Amigo que me ouve
e lança uma semente de luz, sem esforço
apenas com sua atenção no meu viver.
Seu brilho me seduz e envolve todo seu Ser
em próprio viver de luz.

São suas palavras tão doces e carameladas
que nos meus momentos de descara, rudeza e pobreza
me cala a voz do infeliz.
Um infeliz que me habita, me pune e mata.
Um infeliz sem cara
que ao meu coração traz só
tristeza, angústia e tara.

Mas aqui não venho falar deste cara,
o mal-feitor que me abala.
Venho agradecer-lhe amigo
que de todo meu pensamento é sabido,
deste sofrido e também amigo que lhe foi,
é e sempre será agradecido.

Paul Soul
Niterói, 8 de agosto de 2003

qual a senha?

Não gosto de cerveja. Não fumo maconha. Não gosto de futebol. Não gosto de mulher.
O contrário seriam senhas para participar de certos mundinhos. Lugares que beiram o insuportável. E que na beirada do barranco podem derrubar alguém.
Eu pretendo continuar aqui firme com os pés fincados aos chãos que percorrer. E se quiser derrubar, venha com muita força porque não será fácil.

20 de out. de 2006

leva de volta Iemanjá

Iemanjá teve trabalho. Alguém mandou uma oferenda pra latitude errada. Aqui só morros que formam o mar. E sem onda para conduzir, a oferenda encalhadou no décimo sexto andar. Uma oferenda que pode até valer noutra praia de lá. Na minha não teve valor e rezei pra Iemanjá.
Ela veio subindo montanhas para levá-la de volta pro seu mar. E veio rápido. E as rimas fáceis são para comemorar a leveza do ar.

Segunda-feira é o dia do embarque. Vou continuar rezando para Iemanjá. Pedir que a oferenda fique quieta por lá. Porque meu espírito se cansou de ser sugado pela onda escura daquele mar que, agora, leva a correnteza de volta.

Com certeza preciso aprender algo com tudo isso. Mas não agora, porque quero continuar a rimar mar com ar com andar e que rima com obrigado Iemanjá!

caminhos

Estranho receber notícias pesadas.
Pesa a história que essa notícia faz relembrar.
Mais do que tristeza, o sentimento vai em busca de compreensão.
Afinal, o desconhecido não cria lágrimas.
E percebo que as primeiras impressões se constatam só agora.
O ser humano é capaz de seguir rumos muito inesperados. Pena de quem se perde no caminho e acha que ir embora vai realmente levá-lo a algum lugar.
Aquele reveillon ainda vai ficar guardado como algo bom.

elas também voam

Vivo para decifrar as nuvens.
Se paro para admirá-las, sempre chega alguém mandando correr.
E num piscar de olhos quem corre são elas.
Se corro, não me lembro de fitá-las.
E amarro a fita na vida fingindo ser ela é o melhor presente.
Mas sei que o melhor presente da vida é saber olhar as nuvens.
E descobrir em seus formatos algo familiar.

16 de out. de 2006

fluxo desconexo. são 04h32.

a calma pode estar chegando com uma resposta. como aquela que sempre quis ter (ou dar). ou pelo menos com uma sutil e momentânea tranqüilidade.
estou aqui para absorver.
usei algumas canções para despejar a umidade contida e provocada. foram damiens, jobims, travis. era o esvaziamento de comportas. tudo para chegar mais alguns phoenixs, camilles, marias depois.
estou aqui para absorver.
e eles todos são os que me reabsorvem. porque nada do que eu imaginava vai acontecer um dia.
estou aqui para absorver. absorver a queda, a dor, o aprendizado. absorver aquilo que sufoca, como um salva-vidas, mas como se fizesse uma massagem cardíaca prolongada durante um tempo.
anymore é o que canta agora um daqueles ali que me reabsorvem. talvez esteja certo. ou talvez nunca.

13 de out. de 2006

trees again?

mudas. lembrei-me das árvores de antigamente que cismei por alguns dias. alguém deve saber me explicar isso.

muda para nascer

Mas o amor muda. Muda uma idéia. Um desentendimento. Uma mágoa. Ele muda até a si mesmo. O amor fica mais sincero, mais forte, mais seguro. O amor muda. Muda muita coisa. Ele até planta muda para fazer raízes. O amor muda muito. Ele só não pode mudar de lugar, e não vai. O amor muda. O amor muda até o dia. E boom.

12 de out. de 2006

boom

Quartas-feiras começam muito bem. Acorda a quinta já de péssimo humor. Essa multipolaridade dos dias chega a me deixar com dores de cabeça fortíssimas. Por que hein?! Sem o menor esforço, eles fazem questão de se estragar e, ao final, são apenas chamados de péssimos dias. Pra que hein?!
Isso esgota. O mundo já está cheio de desentendimentos pessoais. Cada qual com o seu pensamento e suas próprias conclusões e pronto! Um fala daqui, o outro retruca dali e nunca percebem que estão falando coisas iguais mas discutindo coisas completamente diferentes que não constroem base alguma para qualquer discussão.
Não gosto de como as frustrações alheias teimam em não se admitirem frustrações. Não sou um louco que carrega a culpa da humanidade nas costas. Minhas sensações dizem muito da verdade e já constataram seu valor.
Preciso fazer um exame médico, meu peito dói a alguns vários dias várias vezes por dia. É o dia mais uma vez estragando a vida da gente. Ou será que eles até dão chances da gente chamá-los de ótimos dias? E tomamos as escolhas erradas, como se minas estivessem enterradas por aí esperando o pulo do despercebido. E de repente, boom! Está aí o péssimo dia.

8 de out. de 2006

dias (todos)

Hoje. Sempre.
Estudo. Cobrança.
Trabalho. Cobrança.
Namoro. Cobrança.
Família. Cobrança.
Amizade. Cobrança.
Cobrança. Só minha.
Uma perfeição. Irreal.
Sempre. Cobrança.
Cobrança. Pra sempre.

7 de out. de 2006

ok! pode me chamar de young!

Será que sou realmente (e extremamente) chato? Por que festa de família me irrita tanto? Todos bêbados, fazendo piadas extremamente sem graça, gritando cada vez mais alto e destruindo a casa, neste caso a minha casa, que divido com um irmão e uma prima. E neste caso, é festa de aniversário dela, com a turma dela, com os pais dela e mais alguns litros de álcool.
O namorado dela é um pé gigante enterrado no saco, os amigos fazem piadas preconceituosas e gritam e sujam o chão da sala com pinga e cerveja e eu aqui, que comecei tentando socializar, não consegui mais absorver álcool suficiente para achar tudo muuuito lindo e divertido.
Quero silêncio mais uma vez! Por favor! Alguém me escute e me ajude!
Não, não sou chato. Sou apenas extremamente intolerante com gente idiota.
PUTA MERDA!!! Que ódio!!!

silêncio, por favor!

Quero silêncio sem esquecimento.
Essa cidade não cala a boca hora nenhuma.
Ao acordar hoje, minha maior vontade foi acordar num quarto de fazenda. Abrir a janela e ver apenas uma montanha verde à frente. Sim, eu queria! Também senti uma vontade de rir ao pensar!
A semana toda é barulho em cima de barulho. Vozes em cima de vozes. Cansaço em cima de cansaço.
Quero dormir num quarto frio de fazenda. Com cobertas quentes de fazenda. Sentar em banco de madeira para tomar café de fazenda. E ter que ouvir apenas o vento de fazenda.
Alguns cinco dias podem ser suficientes. Mas posso não querer voltar nunca mais. Ou vou para outro lugar diferente daqui.
Só sei que neste instante ainda quero silêncio. Quero me ouvir em isolamento acústico. Com uma trilha instrumental de vento e árvores.

1 de out. de 2006

aonde?

Pra quê esconder se todo mundo pode ver?
Fugir também não leva a lugar nenhum.
Talvez o clichê: amar mais.

Cansar sem cansaço

Meu corpo está sentindo dores de culpa. De medo. De covardia.
O interior me faz sentir dessas coisas. Cheguei a pouco de lá. E eu continuo correndo, fugindo e escondendo. No meu interior. Só meu. Não tenho coragem de deixar ninguém entrar. Sempre com alguma culpa. Sempre com a intenção de ser perfeito mesmo sabendo que criei, loucamente, uma perfeição.
Quero um banho agora. Não vai resolver mas pelo menos alivia as dores de carregar essa perfeição que não existe.
Estou cansado. Tem muita coisa aqui. E estar cansado me deixa ainda mais cansado porque, na minha perfeição inexistente, não posso ficar cansado.
Quero ficar cansado sem cansar.