11 de fev. de 2008

bem-vindo ao muro de lamentações

Não sou formado em psicologia. Nunca quis ser a esponja da turma. Porém, alguma energia me conduz aos mais precisados de um ouvido atento. E faço isso de bom grado.
Nunca quis ser a esponja, mas aquele orgulho de ser confiável contrapõe o lado chato de ser a tal esponja. Gosto de poder dar conselhos. De ser o portador de segredos.
Só que tem uma hora que cansa! Todo mundo tem problema. Todo mundo tem decepções amorosas, insatisfações profissionais, desentendimentos familiares. E quando eu digo todo mundo, EU estou incluído nesse mundo. Ora bolas, e cá estou eu em alguma espécie de bolha ou diferente planeta imune às desolações?
Basta olhar aí na postagem abaixo.Tá vendo: problemas familiares e profissionais.
Agora me pergunta se algum amigo sabe que isso está ocorrendo. Saber sabe, mas pergunta se algum parou para sentar e ouvir. Fico horas e horas ouvindo-os reclamando da vida, da dificuldade de agir, do sol que está queimando a pele e, quando abro a boca para poder cobrar a minha parcela de atenção em minutos, o sinal toca. O recreio acabou. "Nossa! Brigadão pelas palavras, por me ouvir, ajudou muito."
Mas e eu? Era a minha vez. E chega o próximo recreio e vêm todos os coleguinhas cabisbaixos soltarem as línguas. E eu absorvendo e tentando ajudar.
Como odeio cobranças, quieto eu fico, decepcionando-me com pessoas, com amigos. A vida ensina que não existem pessoas perfeitas, que você aprende a conviver e amar as pessoas com seus defeitos e qualidades sempre mesclados e alternando-se. Eu sei. Amo meus amigos. E por amá-los sinto-me no direito de mandar todo mundo à merda porque quero falar, porque quero atenção. Eles entenderiam que não se trata de uma atitude mimada de um adulto chorão. Bom, alguns dois ou três entenderiam. Outros ainda não sei.
Ai! Chega dessa reclamação. Esse é o problema: sinto vergonha de reclamar, de ser infeliz. Vergonha de ter essa postura de vida. Vai ver por isso meus amigos nunca me escutam, porque não brigo para reclamar. Brigo comigo mesmo para achar graça em tudo. Não que eu queria parecer alegre e feliz o tempo todo. Fodam-se as aparências. Sou mau-humorado quando quero, fecho a cara quando quero. Resumindo: sou até bem azedo. Mas tento resolver tudo dentro aqui antes de sair de casa. Não resolvo porra nenhuma. É quando a reclamação é reprimida por uma risada. Isso pode ajudar a longo prazo. Já que para medidas instanâneas de alívio, com meus amigos não posso contar por mais que alguns segundos de lamúria.
Isso não vai mudar. Eu vou. O muro de lamentações está desabando.
Melhor distribuir capacetes.

construindo vulcões passo-a-passo

Briguei com minha mãe hoje. Um desentendimento que teve a (falha) tecnologia como causa. Sinto-me um barril de pólvora prestes a implodir. Queimar por dentro. Quem está de fora sentirá apenas os tremores. Já sente.
Meus segredos abalam meu controle. Controle que não tenho. Falta de controle que me abala.
Briguei com minha mãe hoje. Ela não me conhece por inteiro. Esse é o desentendimento. Ela não sabe. A confusão fica aqui dentro.
Meus tremores/temores.
O trabalho é outro ponto sísmico. Não largo por medo. Por planos. Por sonhos.
Medo de perder. Planos de mudar. Sonhos ...
Agora pegue tudo: segredos, trabalho, desentendimento e chacoalha.
Não é pólvora. São lágrimas secas.
Nada muda. Tudo pára. Quero andar mas não sei praonde.
Está tudo se acumulando em cima do barril. Os vulcões são "construídos" assim? Devem ser.
E quando explodem aliviam a garganta, mas tudo se perde ao redor, até pessoas.