9 de out. de 2007

um branco sujo

Acordei pensando na morte. Da bezerra, do meu tempo, das pessoas próximas. Quando o dia acorda cinza, esse pensamento me corre a mente. Minhas lembranças de funerais, os poucos que pude entender, combinaram com esse tom. Chovia fino, abria um sol inconveniente mas o cinza voltava por cima de tudo. Como quem chora.
Quem chora de tristeza fica cinza, perde a cor dos olhos encharcados pelas lágrimas e o brilho da alma. O desespero pra mim é cinza. Você não tem como passar uma cor por cima, no máximo vira um borrão mais escuro.
Será que por isso estou me sentindo cinza hoje? Meu tempo parece estar morrendo. Ele passa sem mover-se. Acontece sem me surpreender.
Ou vai ver a notícia de meu avô no hospital me deixou acinzentado. É no mínimo chocante perceber que pessoas próximas podem estar próximas do fim. A quem diga que não é fim. Mas para quem fica é o fim da presença. E isso assusta. É a preocupação com quem fica.
Consigo ver alguns raios de sol. Não sei se fico feliz por isso. No momento estou com preguiça, uma preguiça cinza.

Nenhum comentário: