29 de set. de 2007

a mim-a-alma-minha

Perdi a ordem dos fatos. Tentei uma missão de paz. É preciso anunciar quando se está feliz? Eu sou da turma do não é preciso. É um momento tão particular, tão íntimo e desprovido de todo e qualquer trabalho de provação que, contraditoriamente ao fato de não se anunciar, já se estampa no rosto e nas palavras de quem realmente transpira esse ar. E daí o espalhar-se por aí. Deixe os anúncios para a publicidade. Nem ela sabe fazer isso direito. Discrição pode confundir-se com indiferença, a primeira te faz preocupar-se com você e a segunda, você se preocupa do outro não saber sobre você. Há uma ligeira diferença de foco. Aprume a lente. Escolha o melhor enquadramento. Siga feliz porque lá vem o flash. Enquadre-se com quantos forem necessários. Mas guarde a foto dentro do álbum.
Enquanto isso perco a prioridade dos meus sentimentos. Na discrição, eles – sim, eles, no plural mesmo – alternam-se como primeiros. E se misturam, confundem-se, confundo-me. Uma noite de delírios catapultou um à frente. Vieram até calafrios.
Alguns querendo se mostrar. Outros, estes sim os febris, só eu enxergo. E deveria fingir de cego.
Estou cansado de tudo isso. De todos esses. Das paisagens essas. Nessas mesmas esquinas. Quero mudanças. Práticas. Praticar o novo. Renovar o meu. Moer o tempo. Guardar para gastar lá fora. Olhar em olhos de fora pra dentro do meu. Enxergar-me numa esquina qualquer. Mas saber que(m) sou eu. Que quero estar ali só até o trem partir. Correr. Chorar. Sorrir. E saber que eu sou assim. Um rápido parado contraditório indeciso que corre para começar a correr.
Discrição. Ninguém precisa me ouvir contar. Quem (se) importa vai sentir. Tenho energia para alimentar somente a mim-a-alma-minha.

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