15 de mai. de 2009

eu imperfeitamente sou assim

A noite de quarta-feira foi de críticas.
Sempre fui uma pessoa que buscou, acima de tudo, a minha própria perfeição. Então, é fácil perceber o quanto já sofri, me puni e me decepcionei. E quarta-feira foi mais um daqueles dias em que criticas corroeram minha falsa percepção de comportamento em que eu teimava em acreditar. Mas o bom dessa vez foi que eu me calei e parei para pensar nisso.
Nunca ninguém me cobrou perfeição. Então por que ajo assim?
Meus pais nunca exigiram (não declaradamente) que eu fosse o melhor aluno, melhor filho, melhor tudo. E sempre tive um complexo de nerd atrapalhando meus deslizes.
Fui aprendendo com a vida a relaxar, a perdoar e a pedir perdão. Longe de ter aprendido na medida essencial. Mas sempre me faltou a bendita paciência.
Sempre achei que, em se tratando de relacionamentos, eu era “O” maduro, bem resolvido, inteligente e prático. Mas descobri que não. E assumir isso é muito difícil pra mim.
Eu aguentei muita coisa, sem deixar a raiva e discussões emergirem por achar discussões coisa de espíritos nada evoluídos. E o que eu realmente queria evitar era reprisar as brigas dos meus pais que participei quando criança e aqueles longos processos de potencial separação (que nunca ocorreu). Então o que eu fazia: aguentava, dava pequenos toques, e quando eu perdia a paciência, tchau-até-nunca-mais. Fui informado que relacionamentos de verdade têm brigas homéricas sim, discussões ferrenhas sim! Nada sem motivo ou que partisse pra agressão. Nada disso. Estou falando de ser verdadeiro com as emoções. Deixar as minhas fluírem e aceitar as do outro de peito aberto. Ninguém consegue se encaixar perfeitamente naquilo que eu imagino como parceiro-modelo.
Claro que se a pessoa não lhe dá atenção ou se o amor acabou ou nunca existiu, ficar batendo na mesma tecla é burrice. Larga mão disso e vá caminhar sozinho.
Daí encontro alguém que também tem defeitos. Que me estressa. Mas que me fez encontrar uma coisa muito importante: a tal paciência. Talvez porque agora eu finalmente consegui sentir que vale a pena. Ou talvez porque estou amadurecendo e enxergando de outra forma. Não sei. Só sei que quero deixar meu orgulho tolo de lado e aprender a viver a dois. O que falta pra mim (e talvez para muita gente) é a coragem de enfrentar o amor real. Eu fugia se visse que o amor não era o que eu imaginei. Só que agora não tenho vontade de fugir mais.
Porque agora é o que eu imaginei sem ser o que imaginei, se é que me entendem. Imaginei sentir isso que sinto hoje sem o contexto que vivo hoje. Até o momento presente eu não briguei feio. E a partir de agora, se pintar a vontade, não quero reprimir. E espero que a pessoa consiga entender isso não como meu ultimo suspiro, mas como uma emoção verdadeira que precisa evoluir junto. E quero que você esteja comigo nisso, porque escolhi você não foi à toa.
Agora, em se tratando de amizades, costumo fazer bem parecido. Com a única diferença que a paciência costuma dar as caras mais vezes nesse quesito. Já perdoei, já pedi desculpas e segui em frente. Felizmente, minha intuição não costuma falhar. Daí ela pede licença para a paciência, ou melhor, ela dá as mãos para a paciência e aguarda. Quebrou valores, invadiu limites intransponíveis ou agiu contra o meu bem-estar, aí sim ela, a intuição, dá um pé na bunda da paciência, agarra as mãos da proteção e segue em frente limpando o caminho.
Obviamente que posso errar também. Mas uma coisa inviolável em amizade é o respeito.
Fui menos criticado na noite de quarta-feira sobre amizades. A razão foi reconhecida. E em se tratando de relações humanas, a única coisa que preciso desenvolver é meu critério de cuidado comigo mesmo. Não importa o discurso da pessoa, se não estiver de acordo com o que eu estou sentindo, um tempo é mais que essencial. Nada de provar pontos de vistas porque não adianta pra mim. Sou muito sensível para acreditar em palavras sendo que o que sinto são energias. Preciso respeitar o meu tempo, preciso de tempo sem justificativas, sem cobranças ou julgamentos até mesmo da minha parte. Uma pausa. Simples assim. Os sentimentos são muito mais verdadeiros nessas horas. E se os sentimentos do outro forem verdadeiros também, uma hora se acertam nas suas verdades. Explicação demais é só uma forma de tentar fazer você acreditar nas suas próprias crenças. O que pode até ser a explicação para essas minhas palavras. Quero me convencer disso tudo? Quero sim. Porque essa é a primeira vez que converso comigo mesmo expondo de verdade meus pontos fracos. Mostrando uma imagem de mim mesmo que eu não queria enxergar. A imagem de alguém que precisa entender que se relacionar é se adaptar em conjunto e não ficar forçando alguém a se encaixar na minha fôrma.
Amor perfeito é aquele que se mostra imperfeito a todo tempo sem fazer você querer mudar nada nele. E amizade perfeita é aquela que se tem respeito tendo em vista todas as imperfeições, apenas isso.