29 de mar. de 2008

joão e maria

Maria namorava João. Que gostava de Maria. Que viveu feliz com João. Até Maria terminar com João. Que não queria terminar com Maria. Que foi paquerada. Que ficou em dúvida se João gostava de Maria ou da monotonia. João chora até hoje a perda da monotonia e da Maria. Que foram sinceras com João. Que não entendeu nada da vida em que Maria queria nascer. E da monótona que a outra queria levar. Que então foi viver com outros Joãos e Marias.

tesconjuro!

eu vou
tu foste
ele foi
nós fogueteamos
vozes
prometeis

6 de mar. de 2008

oras horas

Tudo se resume à pressa. Sempre fui apressado. Quero isso e quero agora. Preciso alcançar e tem que ser pra já.
Minha aflição se resume à pressa. Porque não sei mais esperar. Basta de “tudo tem a sua hora”. Cansei de verdade. E que horas serão quando chegar a minha hora? Tarde de mais, imagino eu. Morreu, dirão.
A pressa me diz várias coisas. “demita-se” é o discurso recorrente do momento.
E meu relógio está quebrado. Quando o ponteiro está quase alcançando a minha hora, ele pára. Ou pior, ele volta. Uma força magnética o puxa, cessa.
Sinto falta da palavra extraordinário neste roteiro. Sinto falta de um roteiro escrito por mim. Não bem um roteiro, porque este prevê a encenação. Quero mais um diário de bordo, este sim guarda o que passou. Quero agora.
Cansei de pílulas, de doses homeopáticas, de paliativos que querem me acalmar ou me satisfazer com ações dignas. Não quero ações dignas, quero extraordinárias.
Quando vai chegar a minha hora? Não a hora final, a que dará um fim a minha existência.

Quero a hora de amar perdidamente viver.